quarta-feira, junho 30, 2004
Singularmente assim eu me sinto. Às vezes imponente, às vezes uma fortaleza. O que vou dizer, como vou dizer. Não digo nada, o medo já me derrubou. Haverá alguém que me ensine a não ser assim. Ou será suposto um dia a vida me dar um choque tal, que passe a ser eu a derrubar o medo, a dizer-lhe não, a fazer-lhe frente. A não lhe obedecer. Podia esse dia ser hoje? Ou amanhã?
Queria obrigar este impulso a mim própria. Queria vencer esta inércia. Mas há algo que me prende os movimentos. Deixo-me ficar aqui deitada. Ouço só mais esta música. Deixo o tempo passar como se ele me levasse a algum lado!!!

*****pincel*****
sexta-feira, junho 25, 2004
Estendo-me ao comprido, sentindo um torpor invadir todas as fibras do meu ser.
Algo me mim se recusa a colaborar, não cedo, mergulho em apatia, liberto o meu corpo da tensão acumulada nestes últimos dias.
Languidamente, fumo um despreocupado cigarro, detendo-me na observação do fumo que se afasta paulatinamente numa espessa nuvem pardacenta.
Ausência de som, ausência de calor humano. A casa encontra-se destituída de pessoas, de ruídos, perturbando-me com este silêncio minucioso que se me afigura impossível de quebrar.
Ninguém quer saber. Eu não quero saber.


*** Vi ***
quinta-feira, junho 24, 2004
Um ano e meio...

Um qualquer vento revoltoso levou-te para longe de mim, há tanto tempo que até já lhe perdi a conta. Os dias sucedem-se uns atrás dos outros sem que nada de relevante suceda para quebrar esta monotonia, este silêncio que se instalou para ficar e que fala mais alto que todas as palavras que eu possa dizer.
Não te pedi justificações para este súbito afastamento, nem tu mas davas. Não houve despedidas, nem uma única sílaba foi pronunciada. Ficou o vazio, o eco do que ficou por dizer, o gelo da solidão. A tua ausência sentida em cada recanto desta casa, que parece abandonada sem a tua presença para me aquietar o espírito e me encher a alma de enlevo.
Nunca pensei poder vir a sentir tanto a tua falta.


*** Vi ***
quinta-feira, junho 17, 2004
Abruptamente levantas-te, atirando a cadeira ao chão de modo estrondoso, e arrastas-me por um braço com brusquidão. Apesar de descomposta e da dor latejante que me assalta o braço, não emito um único som, não me debato, não procuro resistir. Não te vou conceder o gozo de uma súplica, de um bramido de sofrimento, nem tão pouco desfrutarás de uma briga. Recuso-me a colaborar nas tuas argúcias, deleitando-me com o facto de estares cada vez mais arrebatado com a minha indiferença. O meu cabelo é violentamente puxado por uma mão possante em fúria e uma fremência demente apodera-se de mim. A cada segundo que passa tornas-te mais brutal, mais dominador e mais possesso.
Numa efervescência incontida empurras-me brutalmente contra uma parede, rasgas-me a roupa e esmagas-me sob o peso do teu corpo, deixando em mim toda a tua cólera, dissipada na escuridão que nos envolve.

*** Vi ***
quarta-feira, junho 16, 2004
Saí para a rua naquela noite na espectativa de algo. Se encontrei o que procurava, ainda está por se saber! O que realmente procurava ainda paira na minha incerteza. O gosto pelo que me encontrou está certamente em mim hoje! Talvez não saiba muita coisa neste momento, em que me procuro, talvez não venha a saber muito mais do que sei hoje. Mas duma coisa eu posso falar hoje: sinto-me bem. Sinto-me bem quando rio e quando saio para estas ruas. Estas pessoas arrancam-me sorrisos quando eu preciso de sorrir e fazem-me sentir como se eu lhes arrancasse sorrisos também a elas! Quero guardar cada toque, cada brincadeira! Contínuo confusa, mas há quem me continue a ouvir e se eu não encontrar uma atitude a tomar, talvez o meu eu mais desconhecido saiba o que quer fazer! Até lá continuarem a coleccionar os momentos, que me dizem cada vez mais, e que me dão mais prazer quando os recordo e colecciono!

*****pincel*****
terça-feira, junho 08, 2004
Sinto-me febril, todo o meu corpo é agitado por um estranho incêndio. Por entre o delírio que me invade, só me apetece fazer loucuras. Contigo.
A minha cabeça escalda. Quero que me toques, que sintas, mas estou paralisada e não sou capaz de reacender a nossa chama. O que resta de nós é consumido pela minha fraqueza perante o holocausto que se apossou de mim. Estou a desfalecer e não há ninguém para me amparar. Fecho os olhos com força, estendo-me ao comprido.
Suavemente, deixo-me perder no mundo que construí para nós.

*** Vi ***
segunda-feira, junho 07, 2004
Sentada cá fora, aguardo.
Olho e espero. Carros que passam, rostos que me são indiferentes. Seguem o seu caminho e eu permaneço aqui.
Sentada, espero.
Por quê ou por quem, não sei. Por algo que venha romper a monotonia, quebrar este silêncio que chega a ferir. A noite vai caindo lentamente, o sol inicia a sua derradeira despedida. Foge para longe de mim, deixa-me só na minha tranquilidade nocturna.
Olho em volta, anseio que a brisa traga um vestígio de ti.
Após uma breve invasão do meu espaço, volto a saber-me sozinha. Perdida na imensidão dos meus pensamentos.
Trouxeste contigo o sabor da maresia e a vastidão do oceano nesse teu olhar quente que me acaricia e me seduz. Mas partiste e o azul do mar foi contigo. Gostava que me transportasses para o teu paraíso perdido, mas estou sozinha e não te posso sentir.
Aguardo, aguardo sempre.
Estou tranquila e impaciente, enquanto mergulho no sabor dos beijos salgados que deixaste em mim...

*** Vi ***
sábado, junho 05, 2004
Subi as escadas que davam para o outro reino! Era uma escadaria enorme e para os dois lados que podia olhar, apenas via o vazio daquele precipício que me rodeava naquele espaço. No entanto, a magia galáctica que me esperava no cimo das escadas tapava o meu medo. Poderia eu deixar o que é normal? Seria o pavor que me invadia ou a ansiedade pelo que ia olhar pela primeira vez que me fazia mexer os pés? Procurei na minha memória todas aquelas imagens e sentimentos que se desenhavam na minha fantasia, que me faziam sentir já no topo daquelas escadas, ainda que mantendo a dúvida do desconhecido. Procurei aquela voz que ecoava naquele novo mundo e que me protegia, ainda que pudesse parecer tão longe.
Parei e abri a porta. O meu coração batia tanto que fazia todo o meu corpo tremer, balançar! A expectativa crescia dentro de mim à medida que via aquela luz surgir por detrás da porta... e aconteceu... vi aqueles olhos que já conhecia sem nunca os ter visto, senti aquele toque tanto na pele que se arrepiava como na alma que quase não estava em mim, senti o seu cheiro em todo o ar que me envolvia, ouvi o chão em que me apoiava dar lugar às nuvens, provei o sabor de ter todo o universo à minha frente, à espera que eu o ocupasse. Senti todas aquelas estrelas dentro de mim. Poderia eu brilhar tanto? Estaria eu a chorar perante tanta beleza, numa imensidão mais profunda que o mar? Teriam os meus sonhos se realizado? Teriam tantas dúvidas encontrado resposta? Deixei-me ficar naquele espaço, naquela voz, naquele toque...sem saber o que vinha por aí, sem sentir o comum medo da tempestade que sempre me derrubava... apenas na vontade de querer estar ali para sempre!!!!

*****pincel*****
terça-feira, junho 01, 2004
Abalroas-me, caímos os dois desamparados na areia, rebolamos, numa luta feroz em que não há vencedores nem vencidos. Somos duas feras enraivecidas engalfinhadas num combate decisivo. Somos um clamor de raiva, melindre, amor e arrebatamento. Somos algo indefinido e inclassificável, prestes a desorbitar e entrar em combustão. Somos duas forças opostas em fusão.

No minuto seguinte estamos nos braços um do outro, por entre beijos salgados, num desespero crescente, tentando reprimira ânsia incontrolável que de nós se apossou.

*** Vi ***
little magic stars
pincel
vi
 
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