A manhã surge lentamente, trazendo consigo um Sol tímido que brinca e se esconde atrás das nuvens. Estou serena, libertei todos os meus fantasmas e demónios e sinto uma grande paz interior. Talvez um café seja mesmo uma boa ideia. Olho para mim, olho para ti, volto a pousar os olhos em mim sem me atrever a confessar a torrente de pensamentos desordenados que me atravessam o cérebro. Que horas são? Nesta manhã tão límpida, chegou aquela altura em que o próprio tempo deixou de fazer qualquer sentido. Uma parte do seu mundo repousa agora no meu braço direito, onde já criou raízes. Algo que não respira, não mexe, não sente, mas transporta consigo uma significação plena. Que histórias me contaria, se pudesse falar? Deixo escapar um sorriso e fico a cismar. Aprendo a escutar através do silêncio e rendo-me á estonteante sensação de estar viva... Para o senhor engenheiro... quinta-feira, junho 16, 2005 O nosso nada... O nós morreu. O nós não existe, nunca existiu. Talvez na minha imaginação. Talvez no teu desejo exacerbado de te sentires amado. Talvez naquela noite bairrista de embriaguez contagiante. Talvez nos meses em que eras a minha sombra e eu a tua. Já nada faz sentido. Se te disser que me sinto uma merda e que não sou mais a rapariga que conheceste, que me responderias? Será que olhavas para mim? Será que ainda te lembras? O nada que sou reflecte-se agora em todos os meus actos, em cada palavra, nas lágrimas que deixo escapar no segredo da noite. O nada está a destruir-me e eu já não tenho forças para o combater. E dói, dói tanto. Pequena e humilhada, vou rastejando por entre a lama. Será que ninguém me consegue ver? Ou será que sou eu que estou cega, surda e louca? |
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