segunda-feira, julho 26, 2004
Um momento de introspecção, um instante reservado à melancolia. 
Uma sensação de desconforto, um sentimento de repúdio por mim mesma. 
Uma ausência de coragem, uma cobardia que me impele para o abismo.
Uma face que não é a minha, um olhar frio que esconde vulnerabilidade.
Um remorso que me consome, uma desconfiança que se converte em certeza.
Um mergulho no passado, uma fuga à incerteza do presente.
Uma recordação, um sofrimento renascido em mim.
Uma máscara que me oculta, um grito silenciado.
Uma carícia no rosto, uma lágrima a queimar os olhos.
Uma vida que acabou, um desejo de evasão.
Uma voz que se extinguiu, um gesto que não se concretiza.
Uma angústia que exacerba, uma mentira que se propaga.
Um corpo, que é o meu, que foge.... 

                                                             *** Vi ***


sexta-feira, julho 02, 2004
Grito para dentro quando me alcanças e me dobras o corpo, como se de borracha se tratasse. Engulo a ansiedade que me sobe pelo corpo e fica entalada na garganta. Afundo-me nos teus braços, agarro-me as ti como a uma tábua de salvação, almejando não me afundar. Sinto algo dentro de mim a revolver-se, procuro acalmar-me, ergo-me e afasto-me correndo, mas vens no meu encalço, não sei que pretendes, mas estás cada vez mais perto, e eu revejo-me no meu próprio frenesi, aproximas-te a uma velocidade vertiginosa e estás cada vez mais ameaçador, cada vez mais intempestivo e eu debato-me debilmente, mas acabo por ceder e cair desfalecida no chão enquanto sou possuída pela tua brutal ansiedade e dominada pelo teu poder incomensurável, sentindo em mim o imponente universo rodopiando em toda a sua plenitude.....


*** Vi ***
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