E não era pelo vento que me arrepiava a pele ou pela chuva que me ensopava o corpo. A tempestade desencadeava-se no meu interior e a minha alma gelou. As velhas pedras da calçada contam os insondáveis mistérios do absoluto infinito, das centelhas dos tempos. Enrosco-me nos ramos de uma árvore centenária e aí permaneço, estagno, alheada da ímpia vida. Sou demasiado imatura para saber o quanto te quero. Talvez nunca te tenha conhecido, quiçá tenhas surgido qual clarão explosivo e desaparecido nas sombras da noite. Por isso, e só hoje, deixo-te partir. Aqui, sozinha e fustigada pela tormenta, liberto todas as minhas recordações e espalho-as ao vento. Só hoje... "Hoje só tua presença vai me deixar feliz..." *** Vi *** quinta-feira, dezembro 16, 2004 Dizer-lhe tudo e não lhe dizer nada sob a forma de um terno ósculo. Quedar-me, somente, a fitá-lo, como se lhe quisesse sugar o néctar da vida. Saber que não o conheço e que, se o fizesse, apaixonar-me-ia por ele. Perco-me no teu interior, faço e digo coisas exacerbadas pela quantidade de álcool ingerido. Tu nada revelas, encafuas-te num mundo só teu e eu não posso, não sou capaz de derrubar o muro que entre nós se impõe, a barreira que tu próprio construíste. Contigo não consigo ser loquaz, coerente, apenas me encontro ridícula e nada do que eu possa dizer irá mudar um milímetro da imagem que já criaste de mim. Aliás, é egoísmo pensar que te importaste a criá-la. Tu és daqueles que não expõe sentimentos. Devo ter falado à beira das lágrimas. Não olho para ti. Para ti, doce utopia... ***Vi*** |
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