sexta-feira, julho 15, 2005
Medo...
Não gostas, mas não consigo evitar olhar para ti, naqueles momentos em que sobram as palavras e o silêncio fala por mim. Um olhar demorado, minucioso, que absorve, o olhar de quem quer ver. Ver-te. Saber que estás tão perto que a minha pele é arrepiada pelo calor da tua respiração. Adormecer com a certeza que ao abrir os olhos pela manhã, são os teus que vou encontrar.

Acometida por uma tristeza quase palpável, sentou-se na varanda e confessou aos cigarros o que lhe apetecia gritar bem alto. Nuvens de fumo rolavam por entre os lábios, clamando o beijo que tardava a chegar. A felicidade que a inundava devido á sua presença recusava-se a ceder ao desânimo que provocaria o temido adeus. E para ali ficou, ensimesmada, a cantarolar baixinho o que lhe ia na alma, desiludida e amuada como uma criança pequena. Foi então que todos os seus receios se dissiparam e mais uma vez ele a surpreendeu. O almejado beijo.

Olho-te e a minha cabeça anda ás voltas com a disconexão vertiginosa de pensamentos. Relembro, perspectivo, recordo, equaciono, recrimino-me.
Perco a minha coerência e deixo de ser una e indivisível para me tornar em pequenos fragmentos retóricos. Será possível terem decorrido apenas quatro semanas? A confirmação provoca-me um sorriso e ao mesmo tempo um frémito de medo que me arrepia.

Deitou-se no chão e esvaziou o pensamento, afastando para longe toda e qualquer obstinação. E, muito devagar por medo a afugentá-la, abriu os braços aos raios de felicidade que se aproximavam de mansinho e que há muito teimavam em despontar...


Desculpa...
quarta-feira, julho 13, 2005
O nosso mundo
Abriu primeiro um olho, depois o outro, ao mesmo tempo que um beijo aterrava nos seus lábios. As persianas entreabertas deixavam adivinhar uma réstia de luz que se coava para o interior do quarto ainda semi-adormecido.
Espreguiçou-se de uma forma quase felina, libertando-se do torpor que a invadia. Encontrou aconchego nos braços que a rodeavam e aí se aninhou, convicta de que o primeiro cigarro do dia lhe ia saber bem.

A tarde extingue-se aos poucos, já não é dia mas também ainda não é noite e esse impasse fascina-a por momentos.
Alienada, talvez seja essa a palavra. O mundo está lá fora, a dois passos, espera por ela, incita-a a regressar, perturba-a e confunde-a.
Resoluta, fecha a janela e mergulha no universo surreal que juntos construíram.

A noite ainda é uma criança e é nossa. Enquanto estivermos aqui, juntos, a noite acompanhar-nos-á, sempre.


"Dois corpos despidos abraçados no nada..."
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