Um sítio perdido do mundo, numa noite que o tempo apagou. Um copo vazio em cima da mesa, um cigarro esquecido no cinzeiro. A euforia contagiante de uma liberdade há muito prometida. Os encontros e desencontros de uma mera casualidade. Conheci-te. Mas falei mais com o teu amigo. Amigo? Qual amigo? Um rapazinho de calções largos e cachecol encarnado, uma mente adulta reflectida num sorriso de criança, um sorriso fácil de surgir, difícil de olvidar. Um ser, uma entidade, uma personalidade vincada. Uma noite de conversas cruzadas e gargalhadas, uma noite de aventura e mistério, na qual me poderia perder sem nunca me encontrar. O que disse, não sei. O que fiz, não me recordo. Uma figura saltitante no soalho empedrado clamava, risonho, pelo seu clube e perguntava incessantemente pelo papel. Qual papel? O papel. Interesses ocultos que não se desvendam, revelações inesperadas, pensamentos dissimulados. Promessas de um reencontro, ilusões alimentadas, a realidade encarada sob um ângulo difuso. O que pensar? Nada. Ausência de cogitação, tempo haverá para ordenar a mente inebriada. O rapaz do cachecol anima-nos o espíriro, enche a noite com a sua voz e a sua presença. À luz dos dias que já passaram e perspectivando o que estará para vir, sobram as palavras para descrever o que experienciei, as palavras ocas e vazias de sentido. E, muito baixinho, para ninguém conseguir ouvir, peço-te que digas ao teu amigo para nunca desistir de encontrar o papel.... para não deixar de nos contagiar com a sua boa disposição e conservar aquele sorriso capaz de iluminar as trevas...... Para o Fernando, com amizade *** Vi *** terça-feira, novembro 16, 2004 Um olhar... apenas... Uma força magnética e inexplicável impeliu-me a sair de mim e inteirar-me do mundo. O mundo que parou com a aparição do fantasma que há tempo a mais me atormenta. E tudo em redor ficou desbotado, perdido em névoa, engolido pela bruma e destituído de qualquer significação. Apenas eu em mim e o meu olhar em ti. Falaste-me de raspão, sem nada dizer em concreto, com uma nota de indiferença na voz, quem sabe uma ponta de desilusão. Algo morreu em mim e levou-me para longe, onde chaga alguma me poderia ferir. Senti um desejo único de chorar, precisava verter as lágrimas que clamavam por ti. Mas fiquei muito quieta, inibida pelo teu olhar, que não consegui enfrentar. Falei com as sombras da noite e gravitei como uma órbita desalinhada, sem procurar anular os efeitos da tua presença, o tremor que do meu corpo se apossou. O reencontro há muito aguardado, as palavras engasgadas na garganta que os lábios encerram mas os olhos desvendam. Naquele instante voltei para ti e tu foste meu outra vez. Mesmo sem falar. Mesmo sem tocar. Tudo foi perdoado e concedido na força do teu olhar.... *** Vi *** segunda-feira, novembro 08, 2004 Sem Nexo.... Já não sinto nada. Limito-me a esperar o amanhã, o desabrochar de um novo dia. Vou com um sorriso nos lábios e o coração leve, de quem nada teme. Vou livre. Brinco com as palavras, aflora-me uma sensação de leveza e nesse preciso instante sei, sinto, que posso flutuar. Estou aqui e não estou em sítio algum, sou agora e para sempre, em todo o lado. Sem nexo. Sou uma andorinha e aceito esta nova metamorfose, disposta a trazer um pouco de Primavera ao mundo. E muito lentamente, sem ninguém ver, roubo as cores do arco-íris e pinto no céu a minha liberdade na alvorada... A ti, que mesmo inconscientemente, me fazes voar.... *** Vi *** quinta-feira, novembro 04, 2004 Imaginei-me deitada ao teu lado, a admirar a tua beleza. Senti o céu tocar no chão em que me vi presa, quando a realidade era já maior que a ilusão. Fizeste-me apoiar a cabeça na lua como na minha própria almofada enquanto dormi no teu ombro. Houve uma cratera que se levantou do meu chão, uma montanha cujo topo não tinha pico e, tal como na imprevisibilidade da Natureza, não puderei saber quando entrará de novo em erupção. Tatuaste-te no meu corpo com a tua própria mão. Num instante só, porque se durasse não haveria tempo de ser bom. O teu sorriso lembra-me a nuvem que em tempos pensei esperar. Esta onda que ainda me toca, dá-me vontade de te pedir... sussurra-me a próxima lágrima duma qualquer música, deixa-me ouvir-te cantar como quando num concerto a estrela se cala para se ouvir o firmamento a um só tom. Esta música tem um significado que me incrimina nesta cúmplicidade. E com ela eu preciso acreditar que já te vendi ao vento e que, embora quisesse comprar o mar para te ter comigo, o meu mergulho agora é noutras maresias. Quero arriscar um outro precipício!!! *****Pincel****** |
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